Sobre o Senado;

07:58:00

Tempinhos atrás escrevi aqui sobre o desejo incontrolável de voltar à infância e dormir no aconchego dos meus pais.

Aquelas noites, principalmente aos domingos, em que eu me desesperava depor ansiedade, nada eram se comparadas com as noites de hoje. Relatórios, trabalhos, compromissos, coisas pra fazer e muitas outras para postergar, uma vida pra organizar, um armário bagunçado, a despensa vazio e o coração aflito. 

Aflito.

Como um pêndulo entre picos de satisfação e insatisfação, tenho visto tudo se manifestando de acordo com as minhas insatisfações. O trabalho que se tornou rotina e em nada tem a ver com o menino que queria ser Senador da República. A universidade que de tão intensa não passa mais. O apartamento de 54 metros quadrados que, antes aconchego, hoje é desespero. 

Eu me lembro como se fosse ontem quando, sentado no centro de uma mesa de plenária na Câmara Municipal de São Paulo, vestindo uma camiseta rosa e sem barba, rodeado de amigos, disse eloquente pra turma: Eu sou o Philippe e eu quero ser Senador! 



Em que ponto os sonhos se transformam em utopias? Parecia fácil, parecia tátil, parecia simples. E tudo foi se complicando, se aterrando em meio a livros, discursos desmotivados e perguntas capciosas que fizeram com que eu mesmo, autor, sustentáculo principal e articulista da minha vida, começasse a vivê-la tão morna quanto nunca quis.

Hoje, descabido e sem lugar, eu me pergunto - Quando meu sonho de ser Senador se perdeu? 

Eu não lembro mais.

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