E agora, José?
Dia desses sentei-me com uns amigos e derrubamos todas as barreiras da intimidade e choramos. Choramos de medo, de satisfação, de angústia, de alegria. O que vamos fazer agora? O que eu vou fazer agora?
Há tempos venho trazendo esse nó na minha garganta. Me sinto naquela época do ensino médio em que, mais falsos que notas de três reais, choramos com medo de perder os laços, os rompimentos. Parece que ano que vem vou ter de prestar vestibular de novo, passar pelos mesmos problemas de novo e recomeçar de novo. Meus 22 anos chegaram com o peso de 80. Estou cansado, cheio de medo, cheio de problemas e não sei por onde começar.
Não sei onde pisar e tenho medo de afundar. Não há mais lar. Estou em São Paulo e sinto falta do cheiro, do carinho, das texturas de Lorena. Chego em Lorena e me sinto incompreendido nessa cidade. Sem perspectiva, sem chance, sem caminho. Eu estou perdido no meio das galáxias sem saber como voltar pro meu lugar.
Não obstante a todas essas angústias que, minhas ou de todos, tenho me encontrado cada vez mais com a pior parte de mim. E isso me choca. Estou me tornando o ser humano egoÃsta, repulsivo e maldoso que outrora repudiei. Aonde foi que a minha alma se perdeu?
Tantos projetos, tantos sonhos, tantas vontades. Todos eles foram se perdendo por aà e agora eu estou aqui, descalço, buscando construir em pouco tempo um futuro eterno de glórias. Perder não é vergonha. Voltar atrás não é vergonha. Desistir não é vergonha. Vergonha é não saber o que quer. Eu já não sei mais...