Nada é pra sempre.

18:50:00

Não há choro que dure para sempre ou lágrima que escorra sem parar.

Ontem visitei meu antigo blog, o FDP em Apuros, que mantive até mais ou menos o meio de 2013; Coincidentemente, há exatos três anos atrás, eu escrevia nele, de formar muito doce e tranquila, até atípica para os textos que eu postava ali, sobre minhas impressões em São Paulo. 

Três anos depois e eu sou totalmente diferente daquele que chegou e estava aceitando as despedidas com muito sofrimento. Em 2010, eu tinha alguns sonhos que não se realizaram, em 2012 os mais importantes se realizaram e agora em 2016 eu posso dizer que, passando uma peneira, os sonhos que faltam realizar são posteriores ao presente mesmo que eu não queira.

Quando cheguei em São Paulo sofri. E sofro até hoje, quando lembro da tristeza da minha mãe, dos olhos marejados de meu pai e do ônibus gelado saindo da rodoviária. O dia chuvoso em que vim com a mudança toda, o dia em que me perdi e tantos apuros que me fizeram ter a real noção de que sonhos que se realizam trazem consigo um carma. Vim pra São Paulo, sim. Entrei na USP, sim. Estou fazendo o curso certo, sim. Mas... e tantos ''mas'' depois, vejo que tive de abrir mão muitas vezes mais do que recebi algo da vida. Viver é ter de abrir mão de algumas coisas tangíveis em busca das coisas intangíveis. 

Já não choro nas vezes em que o ônibus dá a marcha a ré e sai da rodoviária, mas o coração aperta, inevitavelmente. Quem diz não sentir, pra mim, está morto. E eu sou um poço de emoções! Tantas vezes me vi querendo desistir, tantas vezes me vi querendo juntar tudo e voltar pra Lorena sem medo de dizer que tive de abrir mão dos meus sonhos para me sentir seguro. Agora, estou quase concluindo a graduação, morando num apartamento que se organiza conforme acho necessário e vivendo momentos, sensações e emoções que antes não havia vivido e sequer poderia viver estando em Lorena. Esses momentos não foram eternos e hoje, cicatrizado, vejo que sou muito melhor do que fui.

Entretanto, me agarro aos travesseiros, às vezes, tentando voltar aos domingos de angústia em que sem conseguir dormir eu levava meu colchão pro quarto dos meus pais. Foco meu pensamento naqueles que eu amo. E assim, dia após dia, noite após noite, bato à porta da memória sussurrando: - Mãe, pai, vou dormir aqui com vocês hoje...

-Vem aqui no meio, filho. Eles respondem. E assim vou vivendo na cidade grande. Viver é ter de abrir mão de algumas coisas tangíveis em busca das coisas intangíveis. 

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