Morfina.

18:07:00

Algo tomou conta de mim.

Se esperança, paz ou alegria, não sei. Estou tomado por uma sensação próxima à morfina, não sinto mais dores.

Não sinto a tristeza e o rancor do passado desastrado que deixei escrito, não sinto raiva daqueles que me viraram as costas, não sinto ódio, não sinto mágoa, não sinto nada. Pode ser que seja meu próprio cérebro, cansado dos meus flagelos, jogando pra debaixo do tapete todo mix de sentimentos que eu poderia estar sentindo agora. Há em mim uma paz finita, bem sei, que me tomou e me fez repousar sobre meus próprios sonhos.

Estou descansando.

Cansado de andar e nunca chegar a lugar nenhum, acredito que agora esteja em pleno descanso. Com os olhos que não ardem em lágrimas, mas se fecham com leveza. Com o corpo que dói, devido à nova temporada na academia, mas que não está tão cansado como antes, e o espírito que repousa sobre a matéria sem sofrer tanto quanto.

Tão bom ver ciclos se encerrando e novos começando enquanto o gira-tempo não pára. 

Recomecei a academia. Dia desses escrevi, mentalmente, uma poesia bobinha mas que pode ser a semente que iniciará o replantio desse terreno devastado. Ontem, ouvi Shawn Mendes, Sam Smith, Lana Del Rey e Adele e senti uma paz infinita naqueles minutos longos antes de adormecer. Sem sonhar acordado, sem desenhar situações que não ocorrerão no teto, sem ficar ansioso. Nem quando eu tomava meus bons Venlafaxinas e Zolpidem's me sentia assim.

Encontrei dentro de mim as chaves para minha liberdade. Estou livre das jaulas que eu mesmo criei. Estou livre das expectativas que eu mesmo alimentei. Vivendo um dia por vez, hora por hora. 

Hoje não tem emprego. Hoje não tem amor. Hoje não tem muita coisa. Mas amanhã será um novo dia e certamente eu serei bem mais feliz.

Mais feliz. Mais livre. Mais eu.

Quem aplicou esta morfina: obrigado. As dores passaram. 

Eu estou vivo. E sem sofrer.

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