Um pouco sobre mim;

18:51:00

Às vezes eu gostaria de estar no plano metafísico onde tudo flui perfeitamente bem. Queria estar por fora olhando pra minha vida e falando ''Nossa, olha aquele cara ali...'' enquanto converso com um amigo. Não tem feito sentido sobreviver onde deveria haver vivência, sobreviver onde deveria ter vida repleta de realização e sentido (se é que ambos coexistem para alguém).

Muito tem se passado comigo, sinto que me tornei um portal por onde passam as pessoas que não retornam, as pessoa que tem de ir e deixar um aprendizado (bom ou ruim) para este que fica. Sou um umbral cheio de marcas e talhado por canivetes ora apaixonados ora desesperados, cada talho uma história, cada marca um sentido diferente. Não sei pode onde se perdeu aquele menino de oito anos que se interessava por tudo e todos, que sabia dialogar e dar um jeito nos seus grandes problemas matemáticos, sei apenas que se transmutou e se tornou quem sou: um alvo que não está mais ''nem aí''.

E estar ''nem aí'' é perigoso ao mesmo tempo em que não estou ''nem aqui'', ''nem lá, ''nem acolá''. Não estar em nenhum lugar é a mesma coisa de não ser X, Y ou Z, no fundo, no fundo, você é tudo e não é nada, você está em todos os lugares e não está em nenhum lugar. Eu sou, hoje, o Philippe que está(va) no Centro Acadêmico, na Graduação, buscando um emprego, um sentido, um poema, o filho, o futuro irmão, o representante, o roomate e no fundo, bem no fundo, sendo tudo isso, eu não sou nada. Sou alguém que continua caminhando sem encontrar parada, sozinho, na tentativa de ser sempre um pouco mais feliz.

Entre uma piada infame e outra, eu tento não estar defronte aos espelhos que refletem os meus olhos profundos, cansados e marejados. Eu sou um carnaval fora de época que já perdeu sua graça, um investimento sem retorno, um livro oco sem tesouros dentro. E ser vazio não é de todo mal, sendo tudo e sendo nada, um dia eu me acho num lugar para ser eterno. Há quem nasça para fazer várias paradas numa longa caminhada e há quem caminhe sem titubear (ou até mesmo fazendo-o sempre) até chegar na parada final - aquela que foi o mote do caminho todo. Eu sou um pouco dos dois e no fundo não sou nenhum deles. Às vezes eu acho que tenho um jeito próprio de fazer a vida acontecer, só não o decifrei ainda.


You Might Also Like

0 comentários

Subscribe