Metrópole Eu.

16:56:00

A metrópole é fria, brava, cheia de tropeços e armadilhas, como um oceano sem encantamento e sedução. É um misto de medo, aflição, angústia. Uma veia cortada como um esgoto a céu aberto, diga-se de passagem que ambos são comuns, é o elo torto de uma corrente, uma faca escarnecendo nossas almas. Eu aqui, sozinho, perdido, privado dos meus sonhos e desejos, entregue ao leito mais confortável que encontrei, pensando em você. Os cabelos escuros, a barba por fazer, os lábios meio ressecados e o intenso desejo de sobreviver às metrópoles pessoais. Um espelho fiel de mim mesmo tentando ressignificar minha existência através de um lençol amarrado ao telhado.

Eu aqui, dentro da metrópole, esperando. A notícia. A hora. O momento. A oportunidade. O dia. Você. Dentro de minhas metrópoles pessoais, sinônimas às mazelas, defeitos e dificuldades de gestão, imerso no mar do desgravo, vivendo entre solavancos, não tenho lugar para voltar e nem sei pra onde quero ir. Parado aqui, como um estátua servindo de sanitário aos pombos, eu vivo meus dramas em silêncio, olhando fixamente para a luz do abajour. Hora de dormir. Meus solavancos não esperam a metrópole deixar de acontecer para dizerem algo... Eu também não posso esperar por você.

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