Mar Bravo

16:58:00

A gente está onde precisa estar. A gente sobrevive onde precisa viver.

Hoje faz cerca de cinco anos e seis meses que saí de Lorena, com a minha mala que cabia tudo o que era possível. Depois de tanto tempo, um retorno e uma volta à São Paulo na mesma situação anterior (cheio de problemas, perrengues, questões internas), eu encontro em mim aquele Philippe.

Ansioso, perdido, calado, angustiado. Cheio de coisas pra resolver e sem nenhuma solução pronta, inseguro, temeroso, estou de volta à São Paulo. Confesso até que o cursor ficou uns minutos piscando enquanto eu buscava encontrar os significados disso pra mim. E ainda não os encontrei.

Chorando no ônibus lotado de domingo à noite, repeti diversas vezes ''é necessário''. E a necessidade nos coloca à prova de nossos limites, ou a suprimos ou nos desfalecemos em nós mesmos. Voltar a São Paulo é como um chá quente numa noite fria...mas sem açúcar.

Não há a louça do café da manhã na pia, a obrigação de colocar o Rocco na varanda da frente e a tarde livre pra andar pela praça. Não há o barulho do carro, os latidos, o quarto bagunçado. E tudo isso se torna cada vez mais valoroso. Ah se eu pudesse voltar. Mas ir em frente é preciso, é necessário.

Encarar a vida na cidade gigante, de novo, com todos seus encontros e reencontros, é desafiador, é emblemático. Era pra parecer que nunca fui embora, que nunca saí daqui. Mas eu estive num lugar melhor. Se me faltava emprego e um relacionamento afetivo, me sobrava tempo livre pra meditar, criar, escrever e estar próximo de quem sempre se importou comigo.

A hora de ir embora sempre vai chegar. Mas assim como a noite termina com o sol, a hora do retorno também vem. Essa é a minha certeza enquanto a vida ainda tem tempo.

Eu voltei porque o vento me fez voltar. Mar calmo não faz marinheiro bom.

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