Lato Sensu

11:46:00

Idas e vindas, mais uma volta no calendário. Escrevi e apaguei, algumas coisas terminei e rasguei. Queimei as palavras mais fortes e, vulnerável, resolvi dormir com uma taça de vinho na cabeça. Algum tempo se passou desde a última vez em que escrevi aqui. Não por fuga das palavras ou falta de razões, apenas não. E não escrever, por vezes, é uma punição: as coisas não se eternizam.

Conheci lugares. Fui a shows. Bebi em alguns botecos do centro ou perto de casa. Cozinhei bastante. Relevei muitas coisas, engoli uns sapos, passei por emoções, inseguranças, crises de ansiedade e sobrevivi. Eu sempre sobrevivo.

Não posso dizer que sinto saudade da veracidade das fantasias antes de dormir, também já não me importo com as outras coisas ou em buscar informações que são apenas projeções do que eu espero. Parei de brincar com as amigas a respeito dos almoços na sogra que nunca aconteceram. Tenho me preocupado mais com a vida lato sensu: A casa que precisa ficar sempre organizada, os dias em que não posso falhar com o compromisso da academia, o quarto que precisa ser melhor mobiliado, os projetos paralelos, o trabalho e suas novas perspectivas...

Tenho limitado o tempo para pensar sobre o amor e suas frivolidades. Não sei se me tornei uma pessoa amargurada ou realista demais, mas possivelmente outras coisas têm tomado meu tempo e às vezes penso se deveria mesmo ter gasto tanto dinheiro na floricultura do centro ou se a mensagem de feliz ano novo não foi um pouco precipitada. Acontece, fim de ano me deixa emotivo mesmo. 

Das minhas janelas, o bairro é maior e esconde uma cidade que precisa ser descoberta diariamente. Olhando pro espelho, meus olhos já não refletem aquela angústia cheia de perguntas acadêmicas (onde? como? quando? quem?); refletem um universo a ser descoberto.

Aqui. Agora. Numa vida mais lato sensu. Volte pra tomar uma cerveja ou um café. Mas espera um pouco, eu preciso terminar umas coisas antes. Ainda tem coisa fora do lugar.

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