Pra onde eu devo ir ou voltar?
18:01:00
Não há nada no horizonte mais próximo. Os sonhos se dissiparam como uma neblina tocada pelo sol. É tão bucólico quanto árcade, eu diria. Tudo o que eu queria era fugir da urbanidade. Entrar em contato com a minha própria natureza. Eu sou o que sou, ou sou o que acham que eu sou?

Aqui dentro tudo fragilizado. Estou em descrédito com aquele mesmo eu que olhava no espelho, tempos atrás, e dizia: - Você é grande, meu homem! Grande! Na verdade, na dura verdade, eu sou um grão de mostarda rolando pelo chão, sou a bolinha que fecha meu piercing e se perdeu por aí pelos metrôs, calçadas e vazios da vida. Tudo se perdeu aqui dentro e aqui fora. No exterior meus olhos correm as paredes e não encontram meus quadros, meus méritos, minhas identidades. São tempos em que os laços já se afrouxam, as despedidas parecem inevitáveis e a esperança escorre dos olhos.
As luzes se apagam. As cortinas se fecham. O público sai e o teatro nem entrou no seu segundo ato. Um desastre por si só. Lamento. Arrependimento. Tristezas. Um vazio irreparável que me custa noites de sono. Um medo gigantesco. E agora, José? E agora, Roberto?
Robertos, Josés, todos eles se foram. As cartas eu rasguei. Os poemas eu esqueci. Os personagens que viviam aqui na minha cabeça, aqui no meu coração, se encontraram todos e tomaram o primeiro trem rumo às distâncias. Fico eu, aqui, seminu, escrevendo textos que tentam estourar essa redoma e me permitir escorrer de vez. Sou eu procurando caminhos, saídas, respostas, soluções. Sou eu procurando encontrar. Alguém matou meus sonhos e eu não sei quem foi.
Eu não sei pra onde ir. A luz no fim do túnel se apagou.
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