Nudez;

18:46:00

É uma angústia constante, um medo incessante, um par de mãos apertando meu pescoço até o último suspiro de ar vazar. Olho pra lua cheia e me lembro dos seus olhos, cerrados mas brilhantes, fixados nos meus, testa a testa, dois pra lá, dois pra cá. Pudera eu retornar, pudera eu viajar entre as várias ondas de possibilidade do tempo para encontrá-lo de novo.

As pessoas não compreendem, não decifram os códigos que esses nós se tornaram. Estou perdido no meio de tantos, sozinho ainda que acompanhado. E não há nada mais triste do que ter pessoas ao seu lado e não ter ninguém, de fato, junto de você. Palavras mal trocadas, beijos mal beijados, abraços mal abraçados. Nós ficamos, mais uma vez, distantes. 

É como se estivéssemos fadados aos encontros esporádicos que minha consciência, talvez impiedosamente, me obrigam a ir. E aperta meu coração saber que eu tinha razão - eu precisava estar em certos lugares, em certas horas e em certos momentos. Ouvir-me de dentro pra fora me rasga e quanto mais eu me rasgo, mais eu me encontro com quem realmente sou.

Degradado, perdido, sentimental, apaixonado, sofrido e sofrível, um monstro e um anjo, eu sou uma ambiguidade que vai se rasgando em camadas. A cada uma delas eu me encontro mais cru, mais nu, mais à carne viva e despido de todo orgulho, todas as palavras, todas as vestes que vesti para me defender.

Me faço e me desfaço, nasço e renasço. Estou no meu limite mesmo permitindo, diariamente, que essa tristeza e angústia vazem dos meus olhos. Mais poderoso do que qualquer narcótico, você tem mexido com meus neurônios, misturado meus sentimentos e desfeito toda ordem e arrumação que eu impusera a mim mesmo.

Perdido, triste, choroso, continuo seguindo...seguindo...e encontrando, inevitavelmente, você. Como um aeroporto, chegadas e partidas são minha única certeza, viajante, você parte e me parte e só resta o perfume. 

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