Trem.

17:21:00

Rasga essa carta e me deixa falar pessoalmente. Me deixa contar. Para de me julgar e me escuta, uma só vez, nem que seja a última vez. Não me faça continuar rasgando o papel com a caneta e passando dias com dor no punho de tanto escrever. Meu cérebro é um trem rumo ao infinito quando quer dizer as coisas que guardo pra ti e olha, elas precisam emergir em comboio.

Não vai pra longe. Não fica perto desses aí que não querem nada além daquilo que você tem. Eu só quero o que você é. Desata o nó, solta os braços, pega na minha mão e sente: eu transpiro verdade. Apascenta o meu peito e diz que está interessado, ao menos por um minuto, naquilo que eu tenho pra contar.

Sobre o meu dia, minha vida, a faculdade, seja lá o que for. Eu só quero que você escute e não tome posição de juiz, deixe que aflore seu lado maternal e esquece que eu sou tão falho como você. Custa esperar só um pouquinho por mim? Custa me ouvir? Se eu não causo nada, que mal minhas palavras haveriam de ter? Há um trem descarrilhando aqui e eu não posso fingir que isso não é uma catástrofe interna.

Espera só um pouco, eu não preciso de muito tempo, é só um pouquinho, eu juro! Eu prometo que dessa vez serei mais sincero ainda:

-Você me descarrilha!

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