Púrpura.

16:01:00

É difícil conviver com os leões no cangote pedindo licença para caçar a presa. Um dia será a sua vez. Meu olhar vagueia pelo corredor escuro. Há uma luz fosca no fim do túnel - não sei sua fonte, a miopia toma minha íris e minhas lentes já não são escudos fortes o suficiente contra a cegueira que não ensaiei.

Cabelos caem sobre a mesa. Eu estou envelhecendo, mil sóis e mil luas  não nos farão retornar  à rua que você me esqueceu.

Perambulei pela paixão sozinho e aguentei as minhas próprias torturas psicológicas (coisa de quem esteve sempre sozinho) e a carência da supressão das necessidades fisiológicas. Me tornei breu quando tinha de ser noite e durante o dia andei entre as sombras a fim de esconder da luz aquilo que sou. Eu não sou nada.

Minhas palavras me deixaram pobre e nos meus olhos as rugas já se quebram formando as linhas tênues que nos separam da morte, minha pele é uma carta de navegação pro fim. Queria ter chorado quando pude, dito o que escrevi e gritado do alto do meu quarto andar tudo o que pedi ao sol que, de costas pra mim, se recolhia ao fundo da minha paisagem.

Eu sou da noite e dos becos. Me tornei um rato no meio do lixo, meus versos são palavras mal organizadas quando vistos dos teus olhos. Eu estou circulando entre o nada desde que você fugiu de mim.

Os dias rasgam minha memória e desbotam seus olhos castanhos que se misturam ao sangue que choro. Tudo o que sou está escorrendo. Hoje eu choro púrpura. por você, Gustavo.

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