DesAmor.

15:15:00

Nos despedimos sem nunca dizer adeus. Não uma, duas ou três, mas várias vezes.

Disse tchau e caminhei com passos firmes querendo não voltar, querendo esquecer como voltar, como retornar, mas aquela criança que não sabia dar meia volta com a bicicleta cresceu. E agora me volto sempre para trás. Às vezes é tão rápido que meus olhos míopes não conseguem captar muita coisa senão vultos caminhando em suas direções. Eu sempre estou perdido.

Meu cabelo ainda continua caindo, minhas mãos tremulam menos, as doses cavalares diminuíram. Mas nenhum anestésico é tão forte quanto a sua presença. Nada me deixa mais imobilizado do que nossos encontros pelos cruzamentos da vida, e olha que eu sempre tento passar pelas vielas mais afastadas.

Há um imã que me leva até você. Há algo, ou alguém, que tenta me dizer o que fazer. Mas eu tenho medo, muito medo. Eu tenho medo do que você pode fazer ou pensar, por que embora eu tenha a liberdade de fazer o que quero, é preciso entender que a sua também é permissível. Eu estou encurralado dentro dos meus próprios pensamentos, das minhas próprias recordações, foto após foto, poesia após poesia, texto após texto. 

Quanto mais eu tento ir adiante, mais forte é a minha vontade de olhar pra trás. Mesmo que haja sol, esse dia me parece cinza demais. Muitos tentaram acontecer, tentaram passar, tentaram se tornar alguma recordação digna, mas nenhum desamor foi tão forte quanto o nosso. Nos despedimos sem nunca dizer adeus. E aquelas poesias que sumiram do meu rastro sempre foram pra você.  

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