Campeões em Tudo.

15:33:00

Todos eles estão perfeitos. Peles sem imperfeições de catapora, cabelos sedosos e sorrisos abertos. Braços presos ao corpo em simetria ao todo. Aparentam uma poesia que não se define, sorriem sempre com a alegria de quem bem vive consigo e com os outros. Há seus amantes, há seus amores, há suas danças. Todos eles, perfeitos. Como um frango girando dentro de uma máquina de padaria, há diversos cães assentados querendo, ferozmente, suas coxas. Independente do uso ou mau uso da palavra, eles estão lá, sem esforço, sem revés, sem contradição. E eu, eu que tenho buscado e quisto, todos os dias e todas as horas, ser grande, sou o diminutivo da palavra homem. Perdido, como uma formiga que teve seu rastro riscado, procuro encontrar o meu formigueiro. Indolente, tento sê-lo com a sede de quem passou quarentenas nos deserto. Um sorriso sempre igual, um rosto disforme, um cabelo de cantor sertanejo, o corpo de um gigante desajeitado, pés tortos, marcas de catapora, oleosidade. Nada é, fatidicamente, bom. Bom mesmo seria tomar mais um ou dois remédios tarja preta, que estão sumindo com rapidez da minha cartela, e ficar em posição fetal até desintegrar-me no meu colchão. Estou solto, pequenino, infame, imperceptível como um grão de areia único no deserto. Sou um 'Poema em Linha Reta' e parece-me que pior do que a falta d'água e de comida, e até mesmo falta amor, é sentir falta de você mesmo. Aonde foi que a minha alma desapareceu? 
''Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.''

You Might Also Like

0 comentários

Subscribe