Eu Escolhi Me Importar.

15:41:00

Qual a cláusula do nosso contrato social nos obriga a crer na não importância das coisas?
     Parece que há um barreira invisível que nos divide: aqueles que se importam e aqueles que não se importam. Aqueles que se importam são os que fantasiam, sonham demais, que vivem alimentados de sua própria utopia e vivem a semana refletindo em cima das reflexões dos seus analistas. Os que se importam não importam. Aqueles que não se importam, por sua vez, são presos à realidade infame do mundo, aos fatos concretos, estão com as mãos cheias de pedras e o coração fechado para um balanço que nunca ocorrerá - não há uma caixa sequer no estoque de sentimentos. Os que não se importam, importam.
     Eu decidi me importar. Eu escolhi tirar a máscara do orgulho e deixar minhas verdadeira tez à mostra. Sim, eu me importo. Eu ligo quando sinto falta da voz, mando mensagem nem que seja pra perguntar o numero de uma pizzaria que não ligarei e penso durante o dia todo ''como está?''. E mesmo decidindo me importar, quase que numa imposição militar, eu ouso me camuflar no meio dos comuns - eu me importo, mas tento fazer parecer que não.
     Porque se importar, hoje em dia, é coisa de gente fraca, de gente carente de atenção, de carinho, de amor. Hoje quem se importa é ridicularizado. Bom mesmo é ser a Summer, que só esteve com o Tom enquanto lhe interessou. Quem quer ser Tom? O Tom é fraco, é iludido, é sonhador, é romântico, é meloso...o Tom sofre por se importar. Eu sei, há Summer's pela vida e são inevitáveis, em toda estatística há um outlier, e por ser assim a Summer não é propriamente uma vadia. Quem escolhe não se importar simplesmente...não se importa. Se colocou dentro de uma armadura impermeável que não permite que aqueles que se importam -Tom- os corrompam. Acreditam na velha teoria do ''pisa que ele cola, cola que ele pisa''.
     Eu sou o Tom. E tenho orgulho disso diante do que sou. Eu me importo sim, eu quero todos bem sim, eu sou egoísta sim. Eu escolhi me importar pra colocar energia à favor dos outros num ato nobre de altruísmo a fim de compreender que a minha vida gira em uma órbita e a dos outros em outras mas que juntos, somente juntos, é que formamos uma galáxia só nossa.
     Escolhi me importar pra sofrer, pra saber onde posso chegar e de onde posso sair, escolhi me importar pra conhecer quem eu sou e quem eu posso ser. Eu escolhi me importar pra criar a minha própria seleção natural: quem me decepciona, jamais sobreviverá na minha selva. E nessa selva, quem não se importa, se afoga na areia movediça do orgulho. Escolhi me importar pra tomar doses diárias e homeopáticas de humildade, pra saber reconhecer o erro e pedir perdão, pra saber voltar dois, três, quatro passos atrás em busca de um constante progresso rumo ao infinito que acontece hoje, nesse tempo, acontecerá amanhã e seguirá assim até...o infinito.
      E mesmo se eu fosse Summer, eu ligaria pra saber como o Tom está...eu escolhi me importar, eu escolhi ter um fogaréu aqui dentro que não me permite esquecer, deixar pra lá ou simplesmente não me importar. O meu fogo é o que me transforma, o seu gelo é o que te congela. Me desculpem os orgulhosos que se escondem no ''amor-próprio'', eu escolhi me importar.

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