O poder de uma tempestade.

19:48:00

      A gente só compreende o poder transformador de uma tempestade depois que ela passa por nós. A devastação, a destruição, o fim. Tudo cria uma nova expectativa: E agora? As árvores putrefatas do orgulho caídas em seu próprio eixo, os galhos da vaidade desfolhados, as casas fragilizadas: a segurança à mercê do nada. Nada nos transforma mais que uma tempestade presa aos nossos olhos e aos nossos sentimentos.
     Raios e trovões! A força do vento leva-nos à prisão acovardando-nos da morte. Ninguém nesse imenso monte de poeira estrelar é corajoso o suficiente para peitar a morte. ''Ei, estou aqui, venha me pegar!''. Ninguém. Somos cientes de sermos inutilidade pronta para ser varrida. A gente nunca consegue ser mais forte que o vento, mais poderoso que um raio que nos parte ao meio. Nós somos a tempestade que não destrói, só reconstrói: nossa força é a nossa capacidade de resiliência, de reconstruir dos destroços, de manter a esperança presa aos olhos, aquilo que é eterno se refaz. Nós podemos nos redimir, uma tempestade jamais volta atrás.
     Uma enxurrada nem sempre significa perda, nem sempre significa morte, fim, término. A destruição da tempestade reside em sua poesia que nos fazer lembrar que não, nós não somos eternos, nós não somos fortes, nós não somos ''eu'', nós não somos ''poder'', ''dinheiro'' ou ''posição social''. Quem nós somos senão sete bilhões orbitando em torno de uma estrela gigante que é uma entre cem bilhões dentro de uma galáxia que é outra em duzentos bilhões? Somente as tempestades nos revelam quem somos: momentos.

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