Lava-me Deus.

17:00:00

Não são injustos os meus olhos secos sedentos de piedade?
Não são justos os meus clamores querendo liberdade das dores?
Abra-me as portas, ó Deus, e leva-me daqui!
Abra-me os céus e me faça angelical, construa minha santidade
E rasga esse meu véu de pura e pútrida humanidade.

Leva-me, Deus! Lava-me, Cristo!
Adianta o remorso dos cães de mesma raça
E prospecta Tua paz dentro de meu ser.
Arranca-me desta vala esquecida por Vós
E me abranda dentro das sarjetas de ouro.
Leva-me Deus! E comprova teu viver.
Quebranta essa tez de vil metal
E me faz impalpável como o ar
Para ser tragado nos pulmões dos verdadeiros vilões.
Que seja eu, no Teu resplandecer, fonte de vida.

Leva-me, Deus! Dessa terra fétida,
Amaldiçoada desde Adão
E perdoa as falhas e enganos.
Perdoa meus dados e meus desencantos,
Entendei minha natureza humana e idiocrática
E não desista de mim, ó Pai!
Porque puros são Teus propósitos e
Mais puras são as verdades
Que carrego no meu ser.

Leva-me, Deus, e me lava em Teu santo rio
Fazendo-me puro e distante dos daqui.
Equilibra-me na ponta dos teus dedos
Me mantendo no infinito azul anil:
Eu não mereço tanto labor,
Eu não mereço estar entre esses porcos,
Essas bestas enfeitiçadas nos seus egos...
Perdoai-os, ó Pai, e num gesto de piedade,
Me lava daqui.

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