Correnteza.

15:49:00

Eu reacendi como uma cidade às seis da tarde.

Sinto meu corpo pedindo: ''-Vai lá, filho, vai lá falar com ele!'' Mas eu não consigo. Eu até gostaria, mas não sei se posso. Eu...eu estou vivendo dias complicados e com sentimentos estranhos, qualquer falha é fatal e você sabe, mais do que ninguém, a minha incompetência para a morte. Eu não quero morrer rapidamente mas tampouco me interessa a morte aos poucos.

E eu estou perdendo as palavras. Tal qual Clarice Lispector, quando não escrevo sinto que estou morrendo.

Dia a dia, pouco a pouco, a distância de quem esteve tão próximo em poucos segundos me faz crer ainda mais no fracasso dessa encarnação. Eu não nasci para títulos, para grandes feitos ou seguir as vocações intrínsecas, eu nasci para escrever. Para expressar o meu eu, a minha dor e a minha tristeza. Até mesmo quando estou feliz, só o sou por completo quando escrevo.

Eu preciso escrever, G. Eu preciso voltar a ter as palavras que você levou sabe-se lá pra onde. Eu já não sou o mesmo, você também não é e não faço julgamentos quanto a isso, mas tudo está cheio de nuvens e embaçado. Os dias têm sido solitários, cruéis e nublados.

Venha ser o sol que iluminou meu sorriso por uma semana e meia de proximidade. Volte a dar a alegria a este poeta que por tanto tempo lhe esperou. E olha, você me fez muito bem. Mas ao mesmo tempo, por motivos que você não sabe que conheço, você precisou ir e foi como dar um doce a uma criança e antes que ela pudesse mordê-lo, tomá-lo de volta. Meus lábios estão amargos.

Não me interessam os perfumes importados que não aquele que está em seu pescoço e as regras da ''moda'' nunca me pautaram, por que me importar com uma regata e calça jeans? Nós somos mais que isso, mas sem você eu vou diminuindo pouco a pouco. Esta flor está murchando . Eu estou destampado e estão jogando muita sujeira na minha água.

Você, a correnteza que me limpa.

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