Theocracia.

18:17:00

''-Vai ficar tudo bem, Phil! Eu vou vencer...você vai vencer...nós vamos vencer!''

Essa foi a última frase.

Eu não poderia imaginar que lá em meados da minha fase mais perigosa (psicologicamente falando) eu fosse conhecer alguém que fez tanto por mim sem fazer nada. Nós nos resistimos e nos despedimos diversas vezes, vivemos com medo de dizer e por ter tanto medo acabamos sem dizer nada. Fomos e voltamos várias vezes como um metrô que funciona sem pausa ou descanso. Dia e noite nós íamos e voltávamos. Às vezes uma saudade pequena, às vezes um ódio gigantesco e um amor que não nos coube encontrar explicação o suficiente. Eu aprendi muito e não pude dizer isso.

Eu escrevi coisas fantásticas e megalomaníacas, criei projetos extremamente audaciosos que, segundo você, só sairiam do papel se eu mesmo fosse atrás. Não fui e os perdi para o tempo, a vida é um trem que não nos espera pra sair da estação, cabe a nós entrar ou esperar o próximo pra um destino diferente. Quantas vezes eu tentei um destino diferente, não? Está difícil, muito mais difícil.

Você escolheu mudar seu destino pra sempre, de um jeito ou de outro. Eu disse que não queria te visitar, mas como eu ia resistir a um pedido feito com tanto carinho? Eu escrevi tanto e eu estava prestes a te dizer tudo o que queria, mas você não pode me esperar, você precisou entrar no seu vagão e partir para o fim das suas dores, dos seus conflitos. Eu te amei de verdade. Eu te amei e aprendi a amar altruistamente, a levar o sentimento numa vida duplicada rumo à felicidade. Mesmo nos momentos tristes eu fui feliz. Obrigado, Theo, de verdade. Permita-me mais uma vez lhe chamar assim, como só eu fiz, e tentar encontrar na memória as várias formas como você caçoava do meu jeito. Obrigado.

Hoje eu estou chorando e pensando em desistir de tudo, mas o que você faria? Você iria até as últimas consequências, como foi. Sabe-se lá o que o lençol sentiu ou como você sofreu, mas se essa era a sua vontade, que eu, como amigo, respeite-a e sinta essa dor como eu estou sentindo. Lembra-se da nossa conversa sobre sentir tudo ao máximo e usar isso pra se expressar? Eu estou sentindo a sua partida ao máximo.

Não é Rio de Janeiro, não é São Paulo, Ribeirão Preto, Belo Horizonte ou Quebec. Imagino você se aportando no céu e questionando, como sempre, por que as coisas são do jeito que são. E elas têm que ser assim, Theo. Como tem de ser. Como foram. Eu sei que você foi em paz e que aquela despedida, tão dolorosa, foi realmente a nossa última despedida. Não o reconheci nessa manhã, estava roxo, inchado, bem...deve ter sido mais uma das suas maquiagens artísticas, você sempre foi um palhaço.

Permita-me só um adendo: Não pude dizer enquanto estávamos vivos e de nada valerão minhas palavras, eu as prendi com medo do que você pensaria e você se foi sem que eu as dissesse. Eu te amo. E espero que você tenha sentido isso. Até nunca mais, meu grande amor. Não poderei ver seu cabelo bagunçado, seu sorriso torto e ouvir suas palavras tão ensurdecedoras. Fico aqui com meus versos e aquela nossa música pra quando estivéssemos tristes: ''E onde você estiver estarei em coração, em alma e espírito através dessa canção.'' Theocracia, o seu governo sobre as minhas palavras. Agora sou eu por eu mesmo pra sempre.

Aliás, continuo aprendendo mesmo com sua partida: até quando vale a pena levar situações mal resolvidas? Até não dar pra resolver? Obrigado, Theo, você foi o rapaz mais fantástico que eu já conheci!

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