Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam.

19:17:00

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam.
E em meus eternos olhos mareados você nunca ousou navegar.
Minhas pálpebras já escurecidas pela exaustão, não impediriam,
Nem que fossem insanas, a sua devastação em meu pranto.

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam.
E como envoltório imaginário, embolam este signatário
Designando uma angústia perene, uma chuva constante
Uma umidade que faz desenrolar o rolo de papel
Porque todas lágrimas precisam ser secas. E elas sempre são.

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam a escorrer
Pela mesma tristeza, pela mesma dor. E por qual dor maior
Que escorreriam minhas lágrimas senão a dor do amor?
Senão a dor solitária que é a própria dor?

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam, nunca calam,
Nunca riem, nunca explicam seus motivos e se for motivo do mundos dos vivos...
Elas só escorrem. E de todos as questões elas fogem, porque lágrimas,
Duras lágrimas, elas têm como destino escorrer no desenho de nossa face.

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam de volta ao mar de sentimento
Exacerbado que o poeta é, porque as lágrimas não são dos amásios ou dos
Filhos das raparigas, as lágrimas são dos corajosos que enfeitam-se das tristezas
E correm atrás delas porque se são lágrimas, é porque podem ser presas.

Todas as lágrimas que escorrem nunca voltam: Viram memória, viram história, viram ar.
Porque se são lágrimas, um dia conjugaram amar e amar tem mar, e mar pede pra navegar,
Mas se em meus mareados olhos ninguém ousa velejar, eles se enchem e as lágrimas apenas
Escorrem para nunca mais voltar a cair na desgraça que é ser lágrima do verbo amar.

Eis o ciclo triste das lágrimas: escorrer e não voltar. Se de angústia, se de tristeza, se de amor,
Se de felicidade, elas não são falhas humanas, são feridas se curando.
E quando as feridas curam, os olhos inundam, e fico certo:Todas as lágrimas que escorrem
Nunca voltam. Mas sempre ficam por perto.

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