Dizei uma palavra e serei grato.

15:42:00

Quando seu silêncio tomou conta de mim e cercou meus pensamentos, meu amor aquietou-se para ver a tristeza passar. As estrelas, no breu, acordaram para ver arrastando pela rua, restos do poeta que fui. As calçadas riam: aquele ali não terá grande carreira nesta estrada.

Eu falo e todos estão surdos. Por todo lado é silêncio. O eco dos meus próprios gritos, dos meus próprios sussurros. Eu não sei o que fazer.

Perdido, distante de mim mesmo e com tanta coisa pra fazer e sem meios para tal, estou alucinando ao ver um futuro promissor. Se antes estive em salas com mil portas para escolher, hoje estou sem nenhuma, buscando uma passagem mínima que for para sair desse buraco em que eu me enfiei.

Todos os meus sonhos se tornaram um grande pesadelo. Todos os meus desejos se tornaram um único desespero. Não saber pra onde ir - ou como voltar - é pior do que perder-se de si mesmo. Eu sei quem eu sou, eu sei o que quero e sei o que preciso. Só não há meios para tal. Quando as coisas saem do nosso âmbito e passam a outra instância de poder e decisão, é difícil esperar, ficar parado e contar o tempo. Eu estou numa crise institucional interna, há três arenas de poder dentro de mim brigando entre si pra ver quem leva a cabo a implementação de seu projeto.

Na arena sentimental, ainda que com os silêncios que cerceiam meu pensamento me digam muito e ainda que, no íntimo, eu esteja desacreditado como um todo - há uma pontinha do poeta que fui me forçando a crer em enredos falidos. Na arena profissional, a das realizações, só desgraça. E na arena dos sonhos as coisas dependem mais de tangentes que fogem ao meu controle do que de mim mesmo. 

Em todas elas, o mesmo silêncio, os mesmos ecos. Jogado às calçadas, eu estou perdido, triste, cansado e desmotivado. Uma palavra, ao menos. Dizei uma palavra e serei grato. Esse silêncio é o que tem me incomodado e afundado.

Como eu fiquei assim?

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