Carta ao FDP.

20:17:00

Caríssimo filho da puta,

     Eu deveria estar condenando o papel com a caneta a lhe acusar de culpado por toda filhadaputice que lhe coube. Não o farei. Lhe coube ser filhodaputa, se é que a sua progenitora a estes caminhos se inclinou, dentro de um poço de sinceridade. E sinceridade é pior do que mentira. Mas é melhor que muita coisa.
     Claro que houve falha vossa em mentir no começo. Todos aqueles poemas de Drummond, Pessoa e Vinicius me convenceram a cair dentro desse balaio cheio de serpentes. Por pura sorte ou destino não fui picado. De fato, quem é que mandaria poemas no dia de hoje? Exclua-me da análise, por favor.
      Não sei onde foi que erramos. Em certo ponto eu também não fui lá flor que se cheire e nem sou essa vítima toda. Eu sempre soube que você nunca prestou. Apenas fingi desacreditar no fato e acreditar naquele monte de besteiras que me foram ditas durante dias a fim de suprir necessidades que, bem...não entrarei no mérito desta questão.
      Certamente você acha que eu me apaixonei. Não. Não dá. Como eu me apaixonaria por alguém que não consegue colocar as próprias cuecas dentro da máquina de lavar? Seria um triste fim pro meu sentimento. Eu estou escrevendo mesmo é pra agradecer.
       Aprendi muito com vossa senhoria. A dor de suas palavras sinceras e atiradas como flechas foi dura? Foi. Mas foi necessária pra entender que você ainda conseguiu ser a pessoa mais sincera que tive em toda vida. Olhe, obrigado, de verdade. Pela primeira vez eu consigo me explicar o ''por que'' de ter dado errado, de não ter conseguido ir além e como tudo chafurdou-me na merda. Aliás, você ainda é um fraqueza que me ensinou a ser forte.
        Já olhou a história por esse viés? Nós nos ensinamos muitas coisas. Você certamente perdeu certos parâmetros, afrouxou outros e no fundo, no fundo, eu acho que aprendeu a sentir saudade de alguém. (Não sei até que ponto aquelas palavras da mensagem foram sinceras.) Eu aprendi a lei do retorno. A dor da sinceridade e a apaziguação que ela traz são tão reconfortantes! Já experimentou? Obrigado, filho da puta. De verdade. Já repeti isso?
       Você sabe que eu tenho essa mania de repetir coisas né? Aliás, eu gostaria de repetir outra antes de terminar: Não, eu não preciso de você. Não, você não é algo suprassumo na minha vida. Não, eu não quero dar uma volta.

Com carinho, Philippe Gama.

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