O Testamento.

19:58:00

Um dia,
Após o fúnebre evento,
Saberão de toda minha poesia.
Os advogados chegarão,
Cegos para ler sobre seus honorários
E dentro das pastas do armário:
Os nomes nas poesias.

Por que que segredo haveria e
Senão de guardar por tanto tempo
Os nomes que me julgaram
E empunharam a caneta em minhas mãos
Obrigando: ''Escreva, bastardo!''?
E é este meu fado.

Um dia, todos saberão
E aí sim, desses dias vivos se lembrarão:
Quem foi que os escreveu
Tanto tempo e os eternizou? Fui eu.

Muito não importará,
Como se alguém os houvesse publicado
Além do meu rascunho nunca rubricado.
Haverá, entre os olhos,
Todo tipo de temor: Que horror!
Aquele que tanto prezou sentimento
É um monstro por dentro.

Pouco a mim importará
Quando todos ouvirão
Seus nomes depois dos títulos.
Por que a poesia póstuma: por essa ninguém brigará.
E psicografarei todos os sentimentos,
Como se já não os houvesse impresso,
Para causar, na Terra, o meu grande tormento.

E será neste dia,
Munido da eternidade, armado de poesia,
Que deixarei meu espírito dizer:
Querido fulano, amado ciclano,
Aquela poesia foi para eternizar você.

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