Relato de Um Homem de Bom Coração.

17:17:00

     Eu não posso te prender porque eu defendo a liberdade, seria hipocrisia demais além daquela natural que os humanos têm. Me lembro de quando queria-o prender numa redoma e tê-lo em minha estante, ali, parado, para que quando eu quisesse pudesse pegá-lo, amá-lo e quando me cansasse pudesse deixá-lo lá. Mesmo não o querendo, teria a certeza de que você estaria lá, estático, esperando-me. A vida não é assim, ela não espera por nós.
     Nós não temos poder sobre nossas próprias vidas tampouco sobre a vida do outro. A teoria da metade da laranja pode até ser possível, mas eu sou um limão e você uma laranja. Nós temos o nosso azedo, os nossos derivados e os doces com os nossos nomes. Nós somos refrescantes, nascemos em árvores e caímos ao chão. Nós somos parecidos, mas somos distantes em muita coisa. Eu não julgo-o por isso, o único culpado sou eu.
     Me lembro de como nutri um sentimento e de como criei uma vida sem ligar para a liberdade, e sobretudo direito do outro em fazer o que quiser - o autoritarismo é natural no ser humano. E foi pela liberdade que eu disse ao amigo, tão estimado: -Faça o mais feliz do que eu poderia fazer. Saber que a forma como você pode entrar, de certo modo, em minha vida é gratificante antes de qualquer coisa. Jurei um dia, em algum poema, que a sua felicidade seria a minha, é hora de cumpri-lo. 
Não dá pra sentir ódio ou raiva de quem me inspirou tanto e com quem passei os melhores momentos antes de dormir. Também não sinto raiva do amigo, ambos são livres e eu sou coadjuvante na história, se ambos tiverem feliz isso que importa - a minha felicidade se contempla no sorriso dos outros. De uns meses pra cá eu parei com certos egoísmos que só travam a vida, se eu quero ser livre, eu preciso me libertar, eu preciso te libertar. Eu escolhi ter um bom coração. Vivamos!

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