Quando você pousou em mim
Abriu um buraco sem fim.
Teu pousar ácido, doentio e pesado
Feriu-me um pouco
Mas não me deixou acamado.

Quando você pousou em mim
Abriu-se um infinito sem fim,
Você dançando em mim
E eu dançando assim:
Dois pra lá, nenhum pra cá.

E como se eu quisesse nunca te largar
Você precisou ser sua essência: voar!
Quando você voou de mim
Eu chorei assim: Não vai, fica!?
E você não ficou.

Ainda que eu soubesse que você voaria
Em nada maior eu poderia acreditar,
Meu desejo, meu tesão, era saber que você poderia ficar.
Mas sua essência é contrária ao meu permanecer
E você necessita voar pra justificar o seu ser.

Quando você pousou em mim, obrigado:
Poesia sem fim.
Quando você pousou em mim, obrigado:
Realidade, enfim.
Quando você pousou em mim, obrigado:
Eu escrevi assim.
Quando você pousou em mim, obrigado:
Você dançou em mim.