Vi uma foto do meu avô com a minha avó numa festa de família, quando ainda nos reuníamos às dezenas, e deu saudade. Não por ele, não pelo momento, mas pelo que ele significou. Eu me lembro que naquele dia, que eu já não recordo no calendário, o telefone tocou 01:21h da madrugada e no simples toque eu já sabia. Meu avô já se tornara uma lembrança.

Até na morte meu avô me ensinou uma coisa: a vida não espera, ela acontece. Não houve tempo de nos despedirmos ou fazermos qualquer coisa juntos, ele tinha de ir. Das lições que deixou, uma das que guardo sempre é: enxugue suas lágrimas e seu suor. E assim nós tomamos nosso caminho: enxugando nossas lágrimas e nosso suor.

Parece insano o que eu vou dizer mas esses poucos dias de 2015 já parecem anos. Eu estou indo do céu ao inferno todos os dias e não sei quanto tempo mais vou aguentar essa montanha russa. É difícil ser humano. A vida é uma cerveja gelada que ao esquentar só tem um destino: o ralo.

Me perguntei qual seria o dia em que o meu amor, o meu deus inspirador, iria me procurar. Sabe-se lá pra que ou por que: ''um dia, amiga, ele ainda vai me procurar, eu sei disso!''. E veio.

E por vir já me confundi e perdi todo o rumo que tinha planejado pelo ano. A expectativa era a mesma: não acontecerá, escreverei algumas coisas a respeito, algumas pessoas surgirão, nenhuma substituirá e fim. Mas parece que sempre me esqueço que o fim é sempre um começo.

A verdade se faz do nada e para o todo e eu estou aqui, aguardando a minha hora de dizer: aconteceu! Aconteceu o fim, aconteceu o início, aconteceu a não resposta (que por si só já é pior do que o não) ou até mesmo o não aconteceu. Algo precisa acontecer e vai. Independentemente do que queremos, ela se faz como a verdade: do nada para o todo. Há milênios nos perguntamos de onde viemos e para onde vamos mas nos esquecemos de onde estamos: qual é a nossa passagem?

Há um momento, um único momento, que precisamos parar e olhar pra ver o quão gelada nossa cerveja ainda está. Há sempre duas saídas: o ralo e o gole. Hoje eu escolhi o gole, desce mais uma, Jacinto, que a cerveja tá caríssima pra ir pro ralo!