Soneto da Ausência.

18:23:00

Me dê o prazer da sua ausência
E me permita ficar aqui
Com o que me sobra de decência,
Minha solidão é minha complacência.

Me dê o desbunde do seu adeus:
Suas costas sumindo na minha miopia,
Meus vasos quebrados pelo nosso chão,
Meu rosto pingando como pia.

Me dê o prazer da sua ausência
E me deixe aqui no limbo:
Sozinho, dilatado, proferindo

Versos, prosas, cantigas, saudades.
Me deixe perdido nas nossas lembranças,
Me dê o prazer de sentir tua falta na minha presença.

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