Melancolia.

17:49:00

Nem sempre dizer que está tudo bem faz com que tudo esteja bem.

Tudo o que eu tenho é um buraco dentro de mim. Alguém enfiou as mãos e levou o pouco que restava. Para onde? Não sei. Eu só queria escrever mais um poema cafona. Não. Eu só queria poder sentar em um lugar bem alto e chorar. Chorar sem saber por que, chorar sem pra que, derramar minhas lágrimas num chão desconhecido e partir dali como se nada tivesse acontecido. Às vezes minhas lágrimas só querem ser pássaros e eu, passarinho, não posso contê-las de tamanha magnitude. Voar é uma das maiores dádivas que me foram dadas.

Quando pego a caneta e o papel e tento escrever, sinto que estou alçando voo sem direção, quero escrever e fugir da minha dura pequenez. Eu não tenho nada maior senão aquilo que eu escrevo e isso, ainda que tão pequeno, me faz parecer grande. Mas eu não sou nada. Mil poemas não tirarão o meu amor da sarjeta nem recuperarão aqueles que foram rumo ao esgoto, cada um segue seu caminho, rega suas plantas, tem seus filhos e eu? Bem, eu tenho um buraco dentro do meu coração.

Que triste fim para o meu amor se entregar aos maiores vilões da vida. Não sei a dor de perder um filho ou a própria mãe, mas hoje está doendo muito. Hoje está rasgando aqui dentro e parece que há dois alfinetes sendo enfiados nos meus olhos a cada segundo. Eu...eu preciso chorar. Eu preciso sofrer essa dor de ver quem tanto me inspirou...pirar!

Não sei quem serei daqui pra frente - me camuflar entre os comuns tem se tornado rotina. Eu só queria bater asas e voar pra bem longe sem saber pra onde ir. Mas toda vez que eu ouso escrever, eu só penso em você. Que desgraça essa mania de querer quem tanto massacrou meu coração e pisoteou nos meus sonhos. Com muito custo eu me reconstruí e me refiz, mas hoje G., está doendo muito. Estou ferido.

Clamo à minha fé que você se salve. Clamo aos céus a sua cura. E essa sua doença, sua dependência, a forma como você completou seu vazio, é mais dolorida pra mim do que a indiferença que nos marcou tantos anos. Nós somos pequenos galhos de uma enorme árvore e eu acho que hoje estou quase sendo levado pelo vento.

Eu só quero que você se cure e saia dessa. Eu vou chorar hoje por mais alguns minutos, vou tomar uma taça de um vinho barato, vou dar umas voltas pela casa e vou dormir na esperança de acordar com grandes mudanças nesse quadro que a vida me impõe com tanta precocidade. Há muito o que viver...sobreviva?

Há muito tempo eu estava segurando essa vontade, esses poemas, esse calor aqui dentro, mas hoje não vai dar. Estou com os alfinetes enfiados nos olhos e uma dor dilacerante, parece que eu e você temos tudo e, na verdade, o que nós temos é um buraco em nosso coração.

Você levou o pouco que restava para o abismo. Me dá licença, eu preciso chorar.

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