Você é uma piada
Que me faz rir do meu chorar,
É a lágrima contida
Esperando o suor pra junto desabar.
Ah se Drummond vivesse-me
Diria ''Mundo, mundo, vasto mundo!''
E questionaria: Por que não Perdizes, Raimundo?
Mundo, mundo, pequeno mundo,
Tão pequeno que as azeitonas são gigantes
E quando elas rolam sobre nós
Massacram nossos nós!

Ah, eu questionei esses dias os passantes,
Parados na minha calçada
Como se eu não tivesse pressa!
Que pressa maior que me há
Senão a de me tornar parte do ar?
Vento, vento, vasto vento
Só não me leva mais longe pois sou lento!
Ah, mais um dia de sol sonolento...

E que careta escrever em estrofes!
-Eca, eca, ele é um poeta!
E finjo tão completamente
Que estou rindo do meu chorar
Preso dentro do teu olhar.
Rá, rá, rá, rá! Hoje eu estou todo a sorrir.
Você trouxe a poesia de volta pra mim
Num trem lotado às seis da tarde.
Mundo, mundo, vasto mundo,
Um dia de tanto rir, serei eu o moribundo.