Sarau de Um Homem Só.

13:25:00

Uma página em branco que chove em mim todos os dias e goteja no meu coração. É a dúvida que não se reflete nas questões primordiais à existência, mas se mantém como uma incógnita que necessita sempre ser lembrada para não ser respondia e, menos ainda, refutada.

Que confusão você causa dentro de mim!

Eu não sei o que a tua divindade precisa e o que ela é. Não sei o que oferecer para alimentar a sua energia e sustentar o seu prazer em viver. Cada dia é um passo a mais que você dá em direção ao seu próprio fim e eu, querendo e teimando em existir, caminho no oposto de ser mais um e, sendo comum, serei eu quem te recordará. E que recompensa maior me haverá de ser dada senão a lembrança do sorriso frouxo entre as palavras? As memórias são meu ouro de Ofir.

Eu só tenho palavras pra oferecer. Pouco sei dos valores ou das sensações que a vida pode dar, pouco sei sobre o afeto, o carinho e toda a compreensão que você precisa. Às vezes meu altruísmo fala mais alto e eu não consigo compreender por que você quer se fechar nessa gaiola. Talvez haja momentos em que a segurança da prisão é o que cabe à nossa necessidade - dormir em posição fetal e acordar em outro inverno.

E que falsas são as nossas idades, cidades, sociedades e rimas que terminam pobremente num soneto sem fim que não se limita, se recria. Nós estamos num eterno sarau de um homem só e eu não sei mais o que você precisa ou quer ouvir, eu só tenho as minhas palavras pra te oferecer e o meu afeto pra recitar - o quão doloroso ele pode soar? Se entorpeça, um momento, daquilo que me alimenta, é o que eu posso fazer por você.

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