Página em branco.

15:33:00

Uma página em branco. A caneta começou a rabiscar algumas palavras, alguns poemas, desenhou uns sorrisos na borda assinalada com 05/04/15. Não está bom, volta-se à outra página em branco. Quantas formas serão desenhadas até o desenho ideal que, longe da perfeição, deixa subentendido o querer do artista?

Embaixo da mesa se forma uma pilha de histórias que não se completam, desenhos que não terminam, palavras morfologicamente erradas. Até quando o tampo de madeira esconderá tantos fracassos sobre uma página? Um risco sobre tudo, um rasgo ao meio, um amassado de mãos. Às vezes amassadas com fúria se condensam e se tornam verdadeiras armas, outras já demonstram o fatigar daquele que tenta e não sai do papel em branco.

Uma página em branco. Eu sou um zé aqui no 819, lá no 43 C, seja onde for. Sou um número numa página em branco que não consigo escrever. Tanto esforço e não se consegue virar, esquecer, fugir, pular para o próximo capítulo. É tudo cansativo. Escrever ou reescrever uma história é fustigante, não se pode mudar a existência de nós mesmos.

Por mais que se amasse uma página mal escrita, alguém sempre se lembrará dela. -Ow, olha aí, olha o que tá acontecendo aí, o que é isso? Vai jogar fora esse monte de papel?-  E, às vezes, a gente precisa desperdiçar papel. Nada recupera a página em branco, uma vez riscada, uma vez ferida pela caneta pontiaguda, ela sempre se manterá assim. E o valor de uma página está sempre na sua brancura.


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