Linha tênue.

20:52:00

        Há uma linha tênue entre toda dicotomia da vida que chega a ser quase invisível aos olhos. E quando se enxerga, se pergunta: por que? Afinal, nada poderia ser mais palpável ao ser humano do que os eternos questionamentos sobre si. Como se o controle de nossos atos fossem realmente nosso e pudéssemos fazer tudo da melhor forma possível maximizando a qualidade, minimizando os custos.
        Impossível. Nada é preso em nossas mãos, tudo vem traçado do início ao fim. Não se sabe como certas coisas começam, por que começam e quando se sente, enfim, a presença já é o final. O fim inócuo dos ciclos, a tênue linha do que se acha ser pra sempre e se desgasta com o tempo. Como se o tempo, por si só, não fosse desgastante o suficiente. Dia após dia vivendo pelo dia da morte, numa fila interminável onde cada um é chamado pelo nome na sua devida hora.
        E é a assim que a vida segue, nos fazendo cambalear sobre um abismo, na linha tênue que difere o belo do bonito, um invisível, outro tátil. Não sendo piegas em crer no invisível, intocável e sábio sentimento, mas já o sendo contrariando as forças do desejo, se vive entre o belo e o bonito. Quem reconhece o belo, dificilmente, é tão superficial quanto o bonito. Porque muito embora as superfícies definam o que se é, o mar é infinito e ninguém descobriu por medo de mergulhar.
        Sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grato. Adeus. A nossa linha uma hora se rompe, e qualquer parlapatório mergulhado em lágrimas é chulo. Assim como os que foram feitos com a mão no peito e olhar no horizonte. A vida é a linha tênue entre o início e o fim.

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