Cria da Vida.

18:48:00

Eu sou um Dom Quixote sem moinhos,
Um Senador das causas perdidas
Dentro de um parlamento fechado.
Eu sou o oprimido querendo ser normal, livre.
A doença dentro da saúde,
A contradição do ser quem sou - ou quem quero ser?

Eu sou a mendicância fina
Que veste ouro implorando imatérias da vida:
-Ô moça, moça, a senhora me arruma um pouco de sentimento?
-Ih moço, hoje eu estou sem nada!
Eu sou o fadado dentro da massa
A ser um em um monte de milhão.
Eu sou o temor - ninguém diz não pra não partir o coração
Mas que coração haverei de ter, se sou herói sem vencer?
Meu sinônimo é solidão.

Eu sou um escambo entre Deus e o Diabo
Ambos sentados tomando cerveja
-Dai a vida, eu dou a tristeza! Disse o capiroto.
E que tristeza maior me há, de não ser nenhum ''broto''?
Eu sou uma falha mecânica na engrenagem do mundo.
Graxa nenhuma faz-me andar pra frente ou volver atrás
E que me importam os pleonasmos
Se eu sou o poeta que escreve amor pro vazio do tempo?

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