Ninguém quer apostar o mínimo nesse jogo onde o destino pode ser a perda. De que me adianta viver cheio de sonhos se eu não consigo realizá-los com tantas pedras impostas e colocadas justamente onde eu deveria ajoelhar? Eu não estou aqui.
   Eu vivo longe daqui, milhas distante de mim e desse mundo físico-carnal, eu vivo no além, onde estamos eu e mais ninguém. Eu vivo onde imagino meus próprios gigantes, meus próprios amores, minhas próprias verdades pétreas e imexíveis. Eu vivo dentro de uma imagem bucólica demais, futurista demais, surreal demais, em formas desformes e desejos indesejados por qualquer um, onde a moral não me corrompe e os desejos do meu coração são atendidos com o sim. Onde tirania nenhuma me impede de sonhar e ousar encarar o desconhecida, onde tirania nenhuma impede meu querer. A única ditadura que eu vivo, aqui dentro de mim, é a ditadura da vida! E nela eu só preciso viver. 
   Independente das obrigações sociais como pentear o cabelo ou ostentar nomes falhos e putrefatos que vivem sobre pedestais de ouro roubado dos pobres. Onde eu vivo, eu vivo no meu próprio palco.
Onde eu vivo, eu acredito no amor em sua forma mais pura, mais lapidada. Como um diamante detalhadamente trabalhado pra ser meu e de mais ninguém. O amor que recebe e acolhe, que abraça apertado e não chuta, não disputa, o amor que se acredita entusiasticamente por ser só amor.
    Ninguém quer apostar ou comprar ações das empresas que me levam ao meu mundo. Ninguém aposta nos meus sonhos. E é como se eles fossem um fogo ardente aqui dentro com um balde d'água prestes a acabar com tudo: a realidade é muito mais dura. Ela nos obriga a crer no que é possível: nada. A viver tão pessimistas a ponto de mudar nossa feição. A realidade é a mãe que vira o rosto pro filho. É a dor intrínseca dentro de todos os seres: ninguém quer realidade. 
-E que lugar você estaria agora se não pudesse estar aqui?
Eu não sei se em meu mundo, pois ele é puro fogo dentro de mim, uma chama vazia quase nula, que me impede de ser luz na escuridão. Quanta dor, quanto sofrer! No meu mundo os meus problemas são protagonistas, as pessoas acreditam neles e tentam me ajudar. Mas que mundo imbecil, a realidade é o julgamento dos sonhadores.
Diz, uma única voz, que sou ''Firme como o líder que deseja ser, sonhador como o ser humano que é. Apoiado.'' Eu o sou pelos que acreditam no amor, nas palavras, nos versos. Eu sou a liderança dos sonhadores, eu sou a carne que sofre por quem acredita nos amores. Eu sou o Senador dos que mantém seus próprios mundos. Mas hoje minha cabeça está tão cheia de lágrimas que eu só preciso de um peito que acolha-a e diga: -Tudo bem, Philippe! Eu estou aqui com você. O seu mundo fica pra outra hora, venha ser parte do meu...