Deixa eu te contar uma coisa.

19:42:00

Deixa eu te contar uma coisa: a vida não é doce.
     Na verdade ela é bem amarga, com toques de doçura. Parece culinária gourmet, e até é, você acha que está maravilhosa mas na verdade queria um belo prato feito.
Outra coisa: quanto mais você colocar expectativas, maiores as decepções. Triste, mas verdade. A confiança é um castelo de cristal que se constrói a duas mãos, a quatro mãos é bem difícil, porque quando se faz isso, cria-se as muralhas da blindagem. Mas a vida não é doce: duas mãos, sem muralhas. De repente, por um motivo pífio, alguém alguém martela a coluna principal. É assim, não tem jeito.
     Digo mais: se doar é se doer. E não há o que dissertar.
Quanto mais se conhece o ser humano, menos se quer conhece-lo. Porque cria-se expectativa e sobre elas eu já disse. Aliás, sobre elas eu construí muitas palavras ordenadas, quase odes aos amores que na verdade são frutos de dores. Aí um dia você para, olha pros lados, a maior cidade da América Latina aos seus pés e se pergunta: Porque? A resposta é material, um vento que quase tira das suas mãos firmes o lenço que te aquecia. Porque? Porque a vida traz, a vida tira. E a regra é assim, não há como mudar.
     Ou vai dizer que não aprendemos com o que deixamos pra trás? A gente sabe onde ficou, mas não sabe pra onde vai. Porque a vida é amarga e mutante. É a roda gigante que a nossa avó tanto citava. Deixa eu te contar uma coisa: quanto mais você odeia as pessoas que cagam regras, mais perto de se tornar uma você está. E a gente se torna cada dia mais um pouco do que a gente ama, e um pouco do que a gente odeia. Porque a vida é cheia dos porques, os de interrogação e os de explicação, e quanto mais você pergunta ou tenta se explicar, mais perdido você está. Porque deixa eu te contar uma coisa: a vida não cabe nas palavras, porque elas são armas.

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