Homem ao mar.
20:35:00Homem ao mar dividido entre a dicotomia de quem é.
Perdido na espera da resposta nula que nunca veio,
No olhar esperançoso afogado em suas próprias súplicas.
-Diz pra mim, diz pra mim, diz pra mim!
E o Código Morse responde para milhas distantes deste náufrago...
Maldito mar essa vida! Duas ondas que me deixaram esquizofrênico.
Atormentado pela voz, que não diz, dizendo ''-eis me aqui pra te salvar''.
Ao contrário dos tormentos, só há dentro das vozes da minha cabeça
O silêncio eterno do capitão que atraca em outros portos
Sem a parada de cortesia para recebe-lo. Aporta no vazio.
Meu navio naufragado já tocando o fundo do oceano,
Afogado na mágoa da tristeza do não não dito.
Homem ao mar perdido no seu eu. Quem seria senão eu?
Atraído pela sereia do canto profundo que o levou a conhecer
O enigma do mundo: a morte que se tem por dentro.
A morte iminente da espada da circunstância...
Espada que rasga mais o ferimento salgado pelo mar,
Ardência eterna da carne rompendo-se aos poucos.
Dilacerando o corpo ébrio de amor.
Homem sou quando, ao mar da vida, fico perdido entre as luas
E os sóis que movimentam minha maré. Maré de desgosto.
Maré que o afunda dentro do seu mal, que vai de mar a amar.
Homem ao mar de suas mágoas.
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