Sinestesia.
19:15:00Sinestesia.
União de duas sensações por um único estímulo.
Como quando meus nervos pulsam de ódio ao lembrar daqueles dias. Como quando minhas mãos elevam-se à minha testa questionando - O que eu fiz?
Não me bastaram aqueles dias desconhecidos, de permanecer olhando dentro da caverna e imaginando haver outra sociedade do outro lado. A caverna não ecoa mais minha voz. Era passagem. E eu não lembro de como voltar no meio desse escuro.
É sinestésico me lembrar do amargo daquela cerveja na noite cheia de luzes e fitas pra todo lado. Minha presença quase transparente em território inimigo me fazendo crer na essência da mudança. Me lembro com louvor do olhar. Aquele.
E nunca mais quero vê-lo. Não por querer ou circunstância, só não o quero ver. Não o quero ver para não ter as sensações sinestésicas do mesmo. Tristeza. Se eu pudesse unir ambas sensações, certamente isso resultaria na que sinto agora: tristeza. E zelo, dia após dia, para mudá-la. É difícil ser um alquimista das sensações, dos sentimentos, das emoções, quando elas se tornam algo tão negativo por impropério da circunstância da natureza humana: o livre arbítrio. E não é por querer ser livre, de fato, é por ser livre, de natureza, e não ter que seguir a regência da imaginação alheia. Acontece que a vida não é um plano arquitetado, uma peça de teatro ensaiada e demarcada como deve funcionar com apenas alguns improvisos que não fogem ao roteiro original. Pelo contrário, os improvisos no roteiro original é que permitem a peça ser A peça.
A vida é essa broxada de quando você quer fazer algo mas alguém foi e fez na frente - sinestesia. Emoção e fracasso. Razão e coração. Sinestesia: querer estar lá e não poder estar lá, tudo causado por um olhar. Querer estar num lugar que nunca será seu, não por força do destino ou das circunstâncias, mas pela natureza do livre-arbítrio em permitir que as pessoas sejam árbitras de suas próprias vidas, e nesse jogo de viver lado a lado, caramba...eu sou um eterno jogador reserva cheio de cartões vermelhos!
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